Enchente em Realengo

Glauco Notícias Profissionais - CBMERJ
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No Rio de Janeiro, mais especificamente na área metropolitana, o clima tropical semi úmido remete a verões quentes com grande quantidade de chuvas. Basta chegar neste período que a tensão por parte de moradores é generalizada, não pela dúvida se ocorrerá ou não uma tragédia, mas quando ocorrerá. Já sabemos que em algum momento choverá muito e rios transbordarão, galerias pluviais não atenderão a demanda e, por fim, lá estarão os bombeiros socorrendo moradores ilhados em suas próprias casas, quando não estiverem recolhendo corpos.

Mas de quem é a culpa? Por enquanto isto não interessa... deixemos para o final da matéria. No momento nos atemos ao fato de que estes fenômenos já começaram, antes mesmo do verão chegar.

Na segunda-feira, dia 19 de dezembro, vislumbramos um espetáculo horrendo causado pela chuva (não que a culpa seja da chuva, pois se trata de uma dádiva de Deus). Realengo ficou embaixo d`água!

Carroça: Rodas totalmente cobertas

Um carro meio inclinado na calçada mostra um pouco do problema. Mas o que é calçada numa hora dessas? Tudo parece um rio que corre para regiões mais baixas. Os buracos se tornam um risco a parte. Como saber onde está o buraco? Se aventurar num lugar desses é como passar num campo minado.

 

Veículo na calçada... Que calçada?!

Crianças brincam alegremente nas águas, sem saberem dos riscos que correm.


Crianças com água acima dos joelhos


Um bueiro aberto poderia ser fatal


Buracos também são um risco para motoqueiros


Escola à beira d`água


Para sermos bem específicos, o local é em frente a Escola Tasso da Silveira. A mesma escola que há algum tempo foi vítima de um triste episódio que marcou a história de Realengo. Seria desnecessário comentar o ocorrido, considerando que a notícia correu o mundo. Mas um questionamento nos parece oportuno: "De que adianta todo embelezamento, obras e nova fachada se as crianças não tiverem acesso?". Ainda bem que isto foi nas férias! Mas o verão é até março! Pelo menos em abril haverá aulas! Mas dias quentes e úmidos tem o ano todo!... Fiquei confuso... não sei mais de que lado estou...

 

Escola Tasso da Silveira

Depois de algum tempo as águas começam a baixar e algumas pessoas começam a se arriscar na travessia.

Nós cariocas, prevenidos que somos, saímos pra trabalhar com guarda-chuvas até em manhãs ensolaradas. Salvo os casos femininos desesperados de preocupação com a "chapinha", o povo do Rio sabe que num dia quente evapora muita água, que pode se precipitar no final da tarde. Assim foi neste fatídico dia: uma manhã linda, uma tarde tenebrosa. Tudo bem, levamos o guarda-chuva para nos proteger da água sobre nossas cabeças. Mas quem (ou o que) poderá nos defender das águas sob (ou sobre) (ou muito acima de) os nossos pés? Chapolin Colorado? Rsrsrs... também pensei nele... Não há equipamentos para enchentes! Não estamos preparados para isso! Temos um dos melhores Corpos de Bombeiros do mundo, mas se não atentarmos para a prevenção, nossos poucos milhares de heróis não poderão evitar outras tragédias! Agora vocês entendem a razão dessa matéria: abaixo deixaremos algumas importantes dicas para o caso de enchentes.

 

Senhora possivelmente voltando do trabalho... o guarda-chuva está lá!

Até animais se aventuram na nova hidrografia de Realengo. Num primeiro momento o sentimento é de "peninha" do bichinho. Mas se consideramos a sua contribuição efetiva para brucelose, leptospirose, criptococose, verminoses e tantos outros "oses", talvez sentíssemos pena é daqueles meninos das fotos acima.

 

Cachorrinho não se intimida com a enchente, mas ajuda na contaminação das águas


Um mini salva-vidas aparece pra tentar ajudar


Agora que vimos a real situação do problema, vamos a alguns conselhos, a razão principal desta matéria. Podemos até culpar o governo por falhas na infraestrutura, mas que moral teríamos na cobrança se não fazemos o que está ao nosso alcance?

Dicas (salvem, anotem, memorizem, escrevam mil vezes... só não pichem lugar nenhum!)

1. NÃO sujem as ruas! Esta dá vontade de mandar pichar nos muros, só para ficar mais visível aos idiotas infelizes dos ignorantes dos porquinhos incircuncisos transeuntes que insistem em jogar seus papeizinhos ou plastiquinhos nas ruas achando (se é que acham alguma coisa) que aquilo não fará diferença. Junte um papelzinho de bala Juquinha com um de Sete Belo pra ver como os dois juntos tapam um buraco maior do que sozinhos. Agora imaginem o tamanho do buraco que todas as embalagens de amendoins, paçocas, picolés e guaranás naturais consumidos diariamente em Realengo são capazes de tapar. É morador de "Real Engenho"... é isso que você está fazendo... somando seu lixinho com o lixinho dos outros e entupindo os bueiros, que seriam para escoar toda a água que você viu nas fotos. Digo isto sem querer expressar todo o meu rancor para com aquelas mães (cujo filho a segura com uma mão e com a outra joga sua embalagem de Todinho no chão) que não falam nada! Nem sequer esboçam alguma reação reprovativa sobre a atitude suína da prole. Reflitamos em uma célebre frase de Madre Teresa de Calcutá: "Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele, o oceano seria menor". Agora, meu amigo(a), guarda o seu lixinho pequenininho no seu bolso, joga na primeira lixeira que passar e torna o nosso oceano mais limpo... e vê se ensina isso pros seus filhos.

2. Olhem as nuvens! O que geralmente acontece é que olhamos para cima e tecemos alguns comentários receosos acerca do céu escurecido. Mas nuvem negra não é sinônimo de chuva (se bem que 90% dos casos o sejam). Face a este desconhecimento, vale a pena gastar um tempo estudando cirros, nimbus, estratos, cúmulos e suas combinações e variações... é só uma questão de vida ou morte, só isso... Uma dica (dentro da dica): Se vir uma cumulonimbos (cumulus-nimbus), evite sair de casa. Hã?! Não sabe o que é? Que azar...

3. Consultem a meteorologia! Apesar de não ser 100% seguro, o percentual de acerto nas previsões é bastante alto. Os estudos nesta área estão muito avançados e vale a pena conferir os dados meteorológicos antes de tomar uma decisão. O serviço hoje está muito longe de olhar as nuvens e dar um palpite, mas lançam mão de satélites e equipamentos avançados que podem nos dar boa garantia no serviço.

4. Não se aproxime de encostas! Terrenos muito íngrimes e declives de montanha, sobretudo de barro vermelho, absorvem muita água, perdendo a estabilidade do solo. Após algum tempo a gravidade dá conta de desmoronar tudo e na manhã seguinte nos resta ver nas manchetes dos jornais os números da tragédia. Cuidado igualmente igual (se me permitem a redundância) deve ser dado às pedras que encontramos no alto de nossos relevos. Estas enormes rochas podem se tornar instáveis em razão de correntes d`água fluindo sob suas bases. Dependendo da dimensão e posição, se a pedra rola morro abaixo, a energia potencial relativa a altura se transforma em energia cinética, energia esta que inevitavelmente será dissipada em algum lugar (talvez na sua casa, no seu carro, na sua cabeça... ou em todos juntos). Portanto, antes de escolher onde morar, avalie o solo e a diferença de potencial gravitacional entre o lugar pretendido e os arrabaldes.

5. Fuja! Caso esteja prestes a perder seu imóvel por conta de enchentes, vá embora! Não tenha vergonha de fugir e deixar pra trás o que construiu com tanto esforço. É melhor você e sua familia vivos, podendo se esforçar novamente na reconstrução (de preferência em outro lugar) do que vocês irem para um lugar onde não poderão fazer coisa alguma (Cf Eclesiastes 9.10). Alguns não deixam seus lares por orgulho e para mostrar alguma coragem. Não pense você que, morrendo nos escombros por teimosia, alguém vai fazer boas menções a seu respeito nos noticíarios.

6. Evite o contato com as águas! As águas das enchentes carregam todo tipo de sujeira acumulada nas ruas e galerias. Doenças como Hepatite, Leptospirose, Febre Tifóide, Cólera e Esquistossomose podem ser transmitidas pelas águas da enchente.

7. Não deixe as crianças brincar na água! Você pode até não estar vendo, mas pode ter certeza que passarão pelo corpo do seu filho um monte de "bichinhos" minúsculos capazes de destruir a saúde dele (e a sua!). É muito bonitinho ver a molecada pulando e mergulhando naquelas águas barrentas, mas siga um conselho: compre uma piscina ou os leve ao Water Planet.

8. Jogue fora alimentos e medicamentos! Qualquer remédio ou comida atingido pelas águas de uma enchente não devem ser cosumidos. Lembra dos "bichinhos" do item anterior? Eles não sabem a diferença entre uma comida e um menino.

9. Limpe e desinfecte tudo! Se sua casa e/ou objetos foram atingidos pela enchente, limpe-os bem. Não esqueça de se proteger usando botas e luvas (ou até sacos plásticos) para este serviço. Utilize água e sabão, e esfregue bem os objetos. No caso de utensílios domésticos (copos, pratos, panelas...), após lavar mergulhe-os por uma hora em uma solução de hipoclorito de sódio 2,5% (água sanitária) com água na proporção 1:4. Outros materiais como pisos e paredes a proporção pode ser 1:100, ultilize um pano molhado pela solução, passe nas superfícies e as deixe secar.

10. Elimine as poças! Quando as águas baixarem, lembrem que até nas pequenas poças o mosquito da dengue pode depositar seus ovos. Neste caso, dificilmente alguém com dengue associaria a sua enferma condição às enchentes.

Bom, espero ter ajudado com esta matéria. Perdoem-me pela ironia. Mas é melhor rir com saúde que chorar sem ela.

Lembrem que Deus só faz aquilo que não podemos fazer. O que está ao nosso alcance é nossa obrigação (talvez missão) realizar.

Que Deus a todos abençoe.

Glauco Machado

 

 
Comentários (1)
Enchente
1Qua, 11 de Dezembro de 2013 19:18
Ratinho
Caraca perto da minha casa eu fiquei apavorado
yvComment v.1.25.3