Qual o interesse dos interessados?

Sáb, 31 de Dezembro de 2016 04:02 Glauco
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A maior prova de que algo vai errado na política brasileira é a quantidade de candidatos. Como podem existir tantos interessados em exercer atividades tão desgastantes? Nem parece Brasil... O brasileiro não é assim.

A maior prova de que algo vai errado na política brasileira é a quantidade de candidatos. Como podem existir tantos interessados em exercer atividades tão desgastantes? Nem parece Brasil... O brasileiro não é assim.

Lembro quando, na infância, me candidatei para representante de turma na 5ª série. Não me recordo de muitos candidatos. Aliás não me recordo de candidatos. Ninguém queria trabalhar. Foi fácil ganhar a eleição.
No início da juventude, convertido numa igreja Batista havia alguns anos, me candidatei para presidente da União de Jovens. Molezinha, ninguém queria aquilo. Ganhei mais uma.
Poucos anos mais tarde, na Escola de Oficiais do Corpo de Bombeiros, me candidatei para Diretor de Ação Social. O desértico fenômeno se repetiu e eu ganhei outro escrutínio. Lembro de apenas um nobre colega disputando comigo.
A conclusão que chego é que o brasileiro (de um modo geral) não gosta de trabalho, não gosta de ralação, não gosta de representar ninguém. Mas... na vida política o fenômeno se inverte. Um turbilhão de gente se candidatando. É tanta gente passando no Horário Eleitoral que toda hora salpica um conhecido do trabalho, da rua, da escola ou da infância. É estranho, na vida não vi tanta gente querendo me representar. Mas estranho ainda é quando eu comparo tudo isso às palavras de Joaquim Barbosa em uma das poucas entrevistas que deu: “O sistema político brasileiro não é capaz de atrair pessoas com interesse nos interesses da nação.” … mais ou menos isso. Em outras palavras, nosso raro Ministro quis dizer que o nosso sistema afasta os verdadeiros representantes.
A verdade é que, num país que ninguém quer representar nada, se há tantos indivíduos se propondo a representar o povo, é porque deve haver alguma vantagem nisso. E vantagem das boas! E se essas vantagens acabarem? Aí “seu Joaquim”, vão começar a salpicar interessados nos interesses do povo.


Glauco Machado