Áudio do Resumo da Aula 13
RESUMO
A fase conhecida como Brasil República teve início com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, marcando o fim do Império no país e a adoção de um regime republicano e presidencialista. Este período é caracterizado por profundas transformações políticas, econômicas e sociais, incluindo a consolidação de novas instituições e a redefinição do papel do Estado. Dividido em várias etapas, como a Primeira República, a Era Vargas e o Regime Militar, o Brasil República abrange um século de história onde o país experimentou ciclos de desenvolvimento e crises, além de uma crescente urbanização e industrialização. O início deste período, conhecido como a República da Espada, foi marcado pelo governo de militares que enfrentaram desafios significativos na consolidação do novo regime.
A Queda do Trono
A queda do trono no Brasil ocorreu em 15 de novembro de 1889, resultando na Proclamação da República. As principais causas foram:
- Insatisfação Política: Diversos grupos políticos estavam insatisfeitos com a forma de governo monárquica, incluindo republicanos, federalistas e abolicionistas.
- Questão Religiosa: A Igreja Católica e o Estado estavam em conflito após a prisão de dois clérigos por desobediência civil.
- Questão Militar: O Exército estava insatisfeito com a falta de melhorias salariais e no sistema de promoção.
- Questão Escravocrata: A abolição da escravatura em 1888 (Lei Áurea) levou os escravocratas a se distanciarem do governo.
A República da Espada (1889-1894)
A República da Espada refere-se ao período inicial da Primeira República Brasileira, caracterizado pelo governo dos militares. Os principais eventos e características foram:
Governo Provisório: Após a Proclamação da República, o marechal Deodoro da Fonseca foi nomeado presidente do governo provisório.
Constituição de 1891: Foi promulgada uma nova constituição que adotou o republicanismo, federalismo e presidencialismo.
Governos de Deodoro e Floriano: Deodoro governou de 1889 a 1891, seguido por Floriano Peixoto até 1894.
Medidas Autoritárias: Ambos os governos tomaram medidas autoritárias, como a dissolução das assembleias provinciais e a censura à imprensa.
Crise Econômica e Política: O período foi marcado por crises econômicas e políticas, com tensões entre o governo e o Legislativo.
Áudio Completo da Aula 13
A QUEDA DO TRONO
Nas últimas décadas do século XIX, o Brasil vivia um período de grande turbulência política, social e econômica. O país, ainda sob o regime monárquico de Dom Pedro II, enfrentava insatisfações de diversos setores da sociedade. Essas insatisfações eram alimentadas por diferentes "questões" que marcaram o período, como a Questão Militar, a Questão Religiosa e a Questão Escravocrata.
Os militares brasileiros estavam descontentes com a falta de reconhecimento e melhorias em suas condições de trabalho. As Forças Armadas, especialmente o Exército, sentiam-se desprestigiadas pelo governo imperial. Além disso, a vitória na Guerra do Paraguai (1864-1870) havia dado aos militares uma nova confiança e senso de importância, mas sem correspondentes recompensas ou promoções significativas por parte do governo.
A relação entre a Igreja Católica e o Estado brasileiro deteriorou-se devido a conflitos sobre a autoridade e independência da Igreja. A prisão de dois bispos em 1872, por resistirem a seguir ordens do governo imperial, gerou uma crise conhecida como a Questão Religiosa. Esse conflito fez com que muitos clérigos e fiéis se voltassem contra a monarquia, que era vista como interventora nos assuntos eclesiásticos.
A abolição da escravatura em 1888, com a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, foi um ponto crucial. Embora tenha sido um avanço humanitário significativo, a medida desagradou profundamente os grandes proprietários de terras e os senhores de escravos, que se sentiram economicamente prejudicados. A falta de um plano de compensação ou de integração dos ex-escravos na sociedade aumentou o descontentamento entre as elites agrárias.
O republicanismo, antes restrito a pequenos círculos intelectuais e políticos, começou a ganhar força no final do século XIX. Ideais republicanos se espalharam pelas camadas urbanas e pelas forças militares, que viam na República uma forma de modernizar o país e resolver as questões que atormentavam a nação. A propaganda republicana ganhou espaço em jornais, clubes e associações, fomentando um ambiente propício para a mudança.
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Em 15 de novembro de 1889, as tensões culminaram num golpe de estado liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Sem violência, os militares tomaram o poder, depuseram o Imperador Dom Pedro II e proclamaram a República. O evento, marcado pela ausência de resistência significativa, foi realizado na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil.
Principais Atores
Marechal Deodoro da Fonseca: Líder militar e figura central na Proclamação da República. Relutante inicialmente, foi convencido a liderar o movimento pelos seus companheiros de farda.
Benjamin Constant: Intelectual e militar influente, foi um dos principais articuladores do movimento republicano dentro das Forças Armadas.
Quintino Bocaiúva: Jornalista e político, foi um dos principais propagandistas do republicanismo e teve papel essencial na disseminação dos ideais republicanos.
Primeiros Passos da República
Após a proclamação, foi formado um governo provisório, com Deodoro da Fonseca como chefe de Estado. Uma das primeiras medidas foi a convocação de uma Assembleia Constituinte, que resultou na promulgação da Constituição de 1891. Esta nova constituição estabeleceu um regime republicano e federalista, com um sistema presidencialista de governo, rompendo definitivamente com o modelo monárquico.
Impactos Imediatos
- Exílio de Dom Pedro II: O Imperador e sua família foram exilados para a Europa, marcando o fim da monarquia brasileira.
- Mudanças Administrativas: O novo governo provisório tomou uma série de medidas para consolidar a República, como a reforma administrativa e a dissolução das assembleias provinciais.
- Reações Internacionais: A proclamação da República foi recebida com surpresa e, em alguns casos, com resistência diplomática por parte de outras nações monárquicas.
Conclusão
A Proclamação da República em 15 de novembro de 1889 não apenas encerrou o período imperial no Brasil, mas também desencadeou uma série de eventos que redefiniram a estrutura política e social do país. Essa transição foi marcada por uma série de atos e decisões estratégicas que consolidaram o novo regime.
Detalhes da Proclamação
O dia 15 de novembro de 1889 amanheceu comum na cidade do Rio de Janeiro, mas logo se tornou histórico. O movimento republicano, que vinha ganhando força entre militares, intelectuais e civis, culminou na decisão de pôr fim à monarquia. Liderados pelo Marechal Deodoro da Fonseca, os militares marcharam até o quartel-general do Exército, onde Deodoro proclamou a República.
Dom Pedro II, pego de surpresa, não ofereceu resistência. Já debilitado pela idade e por problemas de saúde, ele aceitou a decisão com serenidade e dignidade. Naquela noite, a família imperial foi escoltada ao exílio, partindo rumo à Europa, encerrando uma era que durara 67 anos desde a independência do Brasil em 1822.
Eventos Imediatos
Após a proclamação, a primeira ação do novo governo provisório foi assegurar o controle da situação e a lealdade das províncias ao novo regime republicano. Os militares e líderes republicanos trabalharam rapidamente para evitar qualquer tentativa de restauração da monarquia ou de resistência ao novo governo.
Mudanças Institucionais
Dissolução da Assembleia Geral: A assembleia imperial foi dissolvida, marcando o fim das antigas estruturas legislativas.
Nomeação de Governadores Provisórios: Foram nomeados governadores provisórios para os estados, substituindo as antigas autoridades provinciais.
Convocação da Assembleia Constituinte: Uma Assembleia Constituinte foi convocada para elaborar a nova Constituição da República, estabelecendo as bases do novo sistema político e administrativo do país.
A Constituição de 1891
Em 24 de fevereiro de 1891, a primeira Constituição Republicana foi promulgada. Esse documento estabeleceu o Brasil como uma república federativa, composta por estados com maior autonomia administrativa e política. O presidencialismo foi adotado como forma de governo, com eleições periódicas para a presidência e outros cargos executivos e legislativos.
Reformas e Modernização
A República trouxe consigo uma série de reformas e modernizações. O novo regime buscou modernizar o país, promovendo mudanças nas áreas de educação, infraestrutura e economia. A urbanização das principais cidades foi intensificada e iniciou-se um processo de industrialização que viria a transformar a economia brasileira nas décadas seguintes.
Legado da Proclamação
A Proclamação da República marcou o início de uma nova era para o Brasil, caracterizada por um intenso processo de transformação e adaptação. Embora tenha enfrentado desafios significativos, como crises políticas e econômicas, o regime republicano permitiu a criação de um sistema mais democrático e descentralizado, possibilitando maior participação política da população.
A transição do império para a república também foi um marco na história da América Latina, refletindo um movimento mais amplo na região de ruptura com as antigas estruturas coloniais e monárquicas em favor de novos modelos republicanos.
Assim, a Proclamação da República em 1889 foi um evento crucial na história do Brasil, não apenas como um ato de mudança de regime, mas como um ponto de partida para um processo contínuo de desenvolvimento e modernização que continua a moldar o país até hoje.
A REPÚBLICA DA ESPADA (1889-1894)
A República da Espada é o termo usado para designar o período inicial da Primeira República Brasileira, que foi predominantemente marcado pelo controle militar. Este período começou logo após a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889 e terminou em 1894. Vamos explorar mais detalhadamente cada um dos pontos mencionados.
Governo Provisório
Após a Proclamação da República, um governo provisório foi estabelecido sob a liderança do Marechal Deodoro da Fonseca. Este governo foi responsável por consolidar a transição da monarquia para a república, enfrentando diversos desafios:
Administração da Transição: O governo provisório precisou reorganizar a administração pública, dissolvendo a antiga estrutura monárquica e nomeando novos governadores para os estados, que anteriormente eram conhecidos como províncias.
Reformas Institucionais: Medidas urgentes foram tomadas para assegurar a estabilidade do novo regime, incluindo a elaboração de um novo sistema de governo e a reestruturação do sistema judicial.
Neutralização de Oposições: Foi necessário neutralizar qualquer oposição potencial ao novo governo, tanto de monarquistas quanto de outros grupos políticos.
Constituição de 1891
Após a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, o Brasil precisava de uma nova constituição para estabelecer o novo regime republicano. O processo de elaboração e promulgação da Constituição de 1891 foi relativamente rápido e envolveu várias etapas importantes:
- Convocação da Assembleia Constituinte: Em novembro de 1890, foi convocada uma Assembleia Constituinte para elaborar a nova constituição. A Assembleia foi composta por representantes dos estados e teve como objetivo criar um documento que refletisse os novos ideais republicanos e federalistas.
- Elaboração do Projeto: A Assembleia Constituinte começou a trabalhar no projeto da constituição em janeiro de 1891. O processo foi liderado por juristas renomados, como Rui Barbosa e Prudente de Morais, que se inspiraram em constituições de outros países, especialmente a dos Estados Unidos.
- Discussão e Aprovação: Durante os meses de janeiro e fevereiro de 1891, a Assembleia discutiu e aprovou os diversos artigos da constituição. Houve debates intensos sobre temas como a separação entre Estado e Igreja, a liberdade de culto, o sistema de governo e a organização do poder Legislativo, Executivo e Judiciário.
- Promulgação: A Constituição de 1891 foi finalmente promulgada em 24 de fevereiro de 1891. O presidente do governo provisório, Deodoro da Fonseca, assinou o documento, oficializando a nova constituição do Brasil.
A Constituição de 1891 trouxe várias mudanças significativas para o Brasil:
- Federalismo: A constituição estabeleceu o Brasil como uma república federativa, com maior autonomia para os estados.
- Presidencialismo: Implementou um sistema presidencialista, com um presidente eleito como chefe do Executivo.
- Separação entre Estado e Igreja: A constituição determinou a separação entre o Estado e a Igreja Católica, proibindo a subvenção estatal ao clero e garantindo a liberdade de culto para todas as religiões.
- Voto Universal: Instituiu o voto universal para cidadãos brasileiros alfabetizados, mas excluindo os analfabetos.
- Bicameralismo: Criou um Poder Legislativo bicameral, com a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
A Constituição de 1891 foi um marco na história do Brasil, pois consolidou o regime republicano e estabeleceu as bases para a organização do Estado brasileiro. Embora tenha enfrentado críticas e tenha sido alterada ao longo dos anos, ela lançou as bases para o desenvolvimento do país como uma república federalista e presidencialista.
O GOVERNO DE DEODORO DA FONSECA (1889-1891):
A Crise do Encilhamento (1889-1891)
A Crise do Encilhamento foi uma das mais graves crises econômicas da história do Brasil, ocorrendo entre 1889 e 1891, logo após a Proclamação da República. Este período foi marcado por uma série de políticas econômicas expansionistas e especulativas, que resultaram em uma inflação descontrolada, desvalorização da moeda e colapso do mercado de ações.
Após a abolição da escravidão em 1888, o Brasil enfrentava uma série de desafios econômicos e sociais. A nova República, liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca e seu Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, buscou modernizar e industrializar o país através de políticas econômicas agressivas.
Políticas do Encilhamento
- Emissão Descontrolada de Moeda: Para estimular o crescimento econômico, o governo adotou uma política de emissão descontrolada de papel-moeda. Isso resultou em um excesso de crédito no mercado, facilitando o acesso a empréstimos para empresas e indivíduos.
- Facilitação do Crédito: O governo facilitou o crédito bancário, permitindo que bancos emitissem títulos sem lastro adequado. Isso levou a uma bolha especulativa no mercado de ações, onde os preços das ações subiram rapidamente devido à especulação.
- Incentivos Fiscais: Foram implementados incentivos fiscais para atrair investimentos em setores industriais e agrícolas. Esses incentivos incluíam isenções de impostos e subsídios para novas indústrias.
Consequências
- Inflação Galopante: A emissão descontrolada de moeda e a especulação financeira resultaram em uma inflação galopante, onde o valor da moeda caiu drasticamente.
- Desvalorização da Moeda: A desvalorização da moeda nacional afetou negativamente o poder de compra da população e aumentou a dívida externa do país.
- Colapso do Mercado de Ações: A bolha especulativa estourou em 1891, levando ao colapso do mercado de ações e à falência de várias empresas.
- Falências Generalizadas: A crise resultou em falências generalizadas, com muitas empresas quebrando devido à falta de liquidez e à desconfiança no sistema financeiro.
- Aumento do Desemprego: A crise econômica levou ao aumento do desemprego e à diminuição dos salários, agravando as condições de vida da população.
- Especulação Financeira: A especulação financeira se intensificou, com investidores comprando e vendendo ações rapidamente para obter lucros fáceis, exacerbando ainda mais a crise.
Impacto e Legado
A Crise do Encilhamento teve um impacto duradouro na economia e na política brasileira. Ela minou a confiança do público nas políticas econômicas do governo e levou a uma maior regulação do sistema financeiro no futuro. Além disso, a crise destacou a necessidade de políticas econômicas mais sustentáveis e menos especulativas para garantir a estabilidade do país.
A Renúncia de Deodoro da Fonseca
A renúncia de Manuel Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil, em 23 de novembro de 1891, foi resultado de uma série de crises políticas, econômicas e militares que abalaram os primeiros anos da República Brasileira. Vamos explorar detalhadamente os fatores que levaram a essa decisão e suas implicações.
Uma das principais causas da insatisfação popular e política com o governo de Deodoro foi a crise econômica conhecida como "Encilhamento". Caracterizada por políticas expansionistas, como a emissão descontrolada de moeda e facilitação de crédito, essa crise resultou em uma inflação galopante, especulação financeira desenfreada e falências generalizadas. A economia desestabilizada aumentou a pressão sobre o governo, que enfrentava dificuldades para conter a situação.
Para tentar controlar a crise política e reforçar sua autoridade, Deodoro da Fonseca tomou a medida controversa de dissolver o Congresso Nacional em 3 de novembro de 1891. Essa ação foi motivada pela crescente oposição no Congresso, que ameaçava sua administração. A dissolução foi vista como um ato autoritário e gerou grande insatisfação entre os políticos e a população, exacerbando a crise política.
A tensão política culminou na Revolta da Armada, um movimento liderado pela Marinha do Brasil. Os oficiais da Marinha, insatisfeitos com a dissolução do Congresso e com as políticas de Deodoro, se rebelaram e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Liderados pelo almirante Custódio de Melo, os rebeldes exigiram a renúncia do presidente, criando um clima de quase guerra civil.
Embora Deodoro fosse um militar de carreira e contasse com o apoio de parte do Exército, sua relação com a Marinha e com outros setores das Forças Armadas era tensa. A insatisfação dentro das Forças Armadas, especialmente na Marinha, contribuiu para a pressão sobre sua administração. Deodoro enfrentava a difícil tarefa de governar em meio a um ambiente de desconfiança e insubordinação militar.
Diante da crescente pressão política e militar, e temendo uma escalada do conflito armado que poderia levar o país a uma guerra civil, Deodoro decidiu renunciar à presidência em 23 de novembro de 1891. Sua renúncia foi uma tentativa de evitar um derramamento de sangue e uma crise ainda maior.
Consequências da Renúncia:
- Sucessão por Floriano Peixoto: Após a renúncia de Deodoro, o vice-presidente Floriano Peixoto assumiu a presidência. Floriano, conhecido como o "Marechal de Ferro", adotou uma postura firme e autoritária para consolidar a República e enfrentar as revoltas.
- Estabilização Política: A renúncia de Deodoro e a ascensão de Floriano ajudaram a estabilizar temporariamente a situação política. Floriano conseguiu conter a Revolta da Armada e outras rebeliões, impondo a ordem através de medidas autoritárias.
- Impacto na República: A crise que levou à renúncia de Deodoro evidenciou a fragilidade do novo regime republicano e a necessidade de fortalecer as instituições democráticas e a estabilidade econômica para garantir a governabilidade do país.
A renúncia de Deodoro da Fonseca foi um evento marcante na história da Primeira República Brasileira, resultante de uma combinação de crises econômicas, políticas e militares. Sua decisão de renunciar evitou um conflito armado iminente e abriu caminho para a consolidação do regime republicano sob a liderança de Floriano Peixoto. Este período turbulento destacou a importância de um equilíbrio entre os poderes e a necessidade de políticas econômicas sustentáveis para garantir a estabilidade do país.
GOVERNO DE FLORIANO PEIXOTO (1891-1894):
Floriano Vieira Peixoto, conhecido como o "Marechal de Ferro", assumiu a presidência do Brasil em 23 de novembro de 1891, após a renúncia de Deodoro da Fonseca. Seu governo foi marcado por uma série de desafios políticos e econômicos, além de revoltas que testaram a estabilidade do recém-estabelecido regime republicano.
Floriano Peixoto tinha como principal objetivo consolidar a República no Brasil. Desde a Proclamação da República em 1889, o país enfrentava divisões internas e disputas de poder entre diferentes grupos republicanos. Floriano buscou estabilizar o governo e garantir a continuidade do regime republicano.
Medidas Autoritárias: Floriano governou com mão de ferro, adotando medidas autoritárias para manter a ordem e a estabilidade. Ele dissolveu assembleias estaduais e nomeou interventores militares para governar os estados, enfraquecendo a oposição e consolidando seu poder.
Apoio Popular: Apesar de seu autoritarismo, Floriano buscou apoio popular através de políticas que beneficiavam as camadas mais baixas da população. Ele reduziu impostos, controlou preços de produtos essenciais e promoveu a construção de habitações populares, ganhando a admiração de muitos brasileiros.
O governo de Floriano Peixoto foi marcado por duas grandes revoltas que ameaçaram a estabilidade do país: Revolta da Armada (1893-1894) e Revolução Federalista (1893-1895)
Revolta da Armada
A Revolta da Armada foi um movimento de insubordinação militar liderado pela Marinha do Brasil contra o governo do presidente Floriano Peixoto, ocorrendo entre setembro de 1893 e março de 1894. Este conflito foi parte de uma série de revoltas que marcaram os primeiros anos da República no Brasil, refletindo as tensões políticas e militares da época.
Causas da Revolta
- Insatisfação com o Governo de Floriano Peixoto: A Marinha estava insatisfeita com a forma como Floriano governava, especialmente após a dissolução do Congresso Nacional e a repressão das revoltas no sul do país3. Os marinheiros sentiam que suas contribuições e direitos não eram reconhecidos adequadamente.
- Dissidências Políticas: A renúncia de Deodoro da Fonseca antes de dois anos de mandato gerou dúvidas sobre a legalidade do governo de Floriano, que assumiu a presidência como vice-presidente. Isso alimentou a insatisfação entre os militares da Marinha, que acreditavam que novas eleições deveriam ser convocadas.
- Conflito com o Exército: A Marinha, tradicionalmente ligada à monarquia, tinha menos prestígio político em comparação com o Exército, que dominava o cenário político da época. Essa rivalidade contribuiu para a insubordinação.
Primeira Fase (Setembro de 1893): A revolta começou com o bombardeio da cidade do Rio de Janeiro por navios de guerra da Marinha, liderados pelo Almirante Custódio de Melo e outros oficiais. O objetivo era forçar Floriano a renunciar e convocar novas eleições.
Resposta do Governo: Floriano Peixoto reagiu com firmeza, organizando o Exército para resistir à revolta. As fortalezas que defendiam a Baía de Guanabara permaneceram leais ao governo, e a resistência militar impediu o desembarque dos revoltosos.
Migração para o Sul: Sem apoio popular ou do Exército, os marinheiros revoltosos migraram para o sul do Brasil, onde a Revolução Federalista estava ocorrendo. Eles se uniram aos federalistas em sua luta contra o governo centralista de Floriano.
Repressão e Derrota: A revolta foi sufocada pelo governo de Floriano Peixoto, que utilizou a força militar para reprimir os rebeldes. A Marinha sofreu uma derrota significativa, e muitos oficiais foram presos ou exilados.
Impacto na Marinha: A Revolta da Armada enfraqueceu a Marinha e consolidou a hegemonia do Exército no cenário político brasileiro4. A rivalidade entre as duas forças militares continuou a influenciar a política nacional.
Consolidação da República: A repressão da revolta ajudou a consolidar o regime republicano, mas também evidenciou as fragilidades e as tensões internas do novo governo4.
A Revolta da Armada foi um evento marcante nos primeiros anos da República Brasileira, refletindo as profundas divisões políticas e militares da época. A repressão violenta da revolta por Floriano Peixoto demonstrou a determinação do governo em manter a ordem, mas também destacou as dificuldades de governar um país em transição política.
Revolução Federalista
A Revolução Federalista foi um conflito civil que ocorreu no Brasil entre 1893 e 1895, principalmente no estado do Rio Grande do Sul, mas que também se estendeu a Santa Catarina e ao Paraná. O conflito foi motivado por disputas políticas e ideológicas entre facções que defendiam a centralização do poder republicano e aquelas que buscavam maior autonomia para os estados. Vamos explorar os detalhes desse movimento que marcou a Primeira República Brasileira.
Causas da Revolução
- Disputas Políticas Regionais: O Rio Grande do Sul foi o epicentro da Revolução Federalista. As disputas regionais entre os partidários de Júlio de Castilhos, líder do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e defensor do centralismo republicano, e os federalistas liderados por Gaspar Silveira Martins, que buscavam maior autonomia para os estados, foram a principal causa do conflito.
- Insatisfação com o Governo de Floriano Peixoto: A centralização do poder pelo presidente Floriano Peixoto, conhecida como República da Espada, e suas medidas autoritárias causaram descontentamento entre os federalistas, que desejavam um governo mais descentralizado e liberal.
- Influência das Guerras Platinas: As guerras ocorridas nas regiões platinas (Argentina e Uruguai) influenciaram a política e os conflitos no sul do Brasil. A Revolução Federalista foi inspirada por movimentos similares que buscavam maior autonomia regional.
Início da Revolução (1893): A revolução começou em fevereiro de 1893, quando os federalistas, também conhecidos como "maragatos", liderados por Gumercindo Saraiva, se levantaram contra o governo estadual de Júlio de Castilhos. Eles estavam insatisfeitos com o regime centralizador e autoritário estabelecido pelo Partido Republicano Rio-Grandense.
Avanço dos Federalistas: Os federalistas organizaram tropas e começaram a marchar pelo sul do Brasil, conquistando diversas cidades. Eles encontraram apoio em várias localidades devido ao descontentamento com o governo de Castilhos e Floriano Peixoto.
Confrontos Armados: A guerra civil envolveu intensos confrontos armados. As tropas leais ao governo central, chamadas de "pica-paus", enfrentaram os maragatos em várias batalhas, resultando em significativas perdas de ambos os lados. As batalhas mais notórias incluem a de Cerro Corá, Rio Negro e Lapa.
Incorporação de Santa Catarina e Paraná: O conflito se espalhou para os estados de Santa Catarina e Paraná, ampliando o escopo da revolução. As tropas federais e estaduais combateram ferozmente para controlar esses territórios estratégicos.
Apoio do Governo Federal: O presidente Floriano Peixoto enviou tropas federais para apoiar o governo de Júlio de Castilhos e reprimir a revolta. A intervenção federal foi crucial para a resistência das forças governamentais.
Repressão Violenta: A repressão aos revoltosos foi extremamente violenta, resultando em inúmeras mortes. O governo usou todos os meios disponíveis para sufocar a revolta, incluindo execuções sumárias e prisões arbitrárias.
Fim da Revolução (1895): A revolução terminou em agosto de 1895, após dois anos e meio de conflitos. A rendição dos maragatos foi negociada, e muitos líderes federalistas foram exilados ou executados.
Fortalecimento do Governo Central: A vitória do governo consolidou o poder central e enfraqueceu os movimentos separatistas e federalistas. A repressão bem-sucedida demonstrou a capacidade do governo republicano de manter a ordem e a unidade do país.
Mudanças Políticas: Após a revolta, ocorreram mudanças políticas significativas no Rio Grande do Sul e em outras regiões. O governo buscou estratégias para apaziguar os ânimos e integrar os federalistas no novo regime republicano.
A Revolução Federalista deixou um legado complexo na história do Brasil. Por um lado, reforçou a ideia de um governo central forte e a necessidade de manter a unidade nacional. Por outro lado, evidenciou as tensões regionais e as dificuldades de implementar um sistema verdadeiramente federativo em um país vasto e diverso como o Brasil. O conflito também deixou marcas profundas nas regiões afetadas, com cicatrizes físicas e emocionais que perduraram por décadas.
A Revolução Federalista foi um evento crucial nos primeiros anos da República Brasileira, destacando as profundas divisões políticas e regionais do país. A repressão do movimento federalista pelo governo central reforçou a centralização do poder, mas também mostrou a resiliência e a determinação daqueles que lutavam por maior autonomia regional. Este episódio da história brasileira é um lembrete das complexidades e desafios inerentes à construção de um regime republicano e federativo.
Economia
O governo de Floriano Peixoto enfrentou uma grave crise econômica herdada do governo anterior. A crise do Encilhamento, caracterizada por inflação e especulação financeira, continuava a afetar a economia brasileira. Floriano adotou medidas para estabilizar a moeda e controlar a inflação, mas a recuperação econômica foi lenta e difícil.
Floriano Peixoto deixou um legado controverso. Por um lado, ele foi responsável por consolidar a República e manter a ordem em um período de grande instabilidade. Por outro lado, seu governo autoritário e a repressão violenta das revoltas deixaram marcas profundas na história do Brasil.
Consolidação da República: Floriano é lembrado como um dos principais responsáveis pela consolidação do regime republicano no Brasil. Seu governo ajudou a estabilizar o país e a garantir a continuidade do novo sistema político.
Repressão e Autoritarismo: O uso da força e medidas autoritárias para manter a ordem geraram críticas e controvérsias. A repressão violenta das revoltas e a centralização do poder marcaram negativamente seu governo.
Transição para o Governo Civil: Floriano Peixoto foi sucedido por Prudente de Morais, o primeiro presidente civil do Brasil, em 15 de novembro de 1894. A transição para um governo civil marcou o fim da República da Espada e o início de uma nova fase na história republicana do país.
O governo de Floriano Peixoto foi um período crucial na história da Primeira República Brasileira. Enfrentando desafios econômicos, políticos e militares, Floriano conseguiu consolidar a República e manter a ordem, embora com métodos autoritários e repressivos. Seu legado é complexo, refletindo tanto a necessidade de estabilidade em tempos de crise quanto os custos de um governo autoritário.
FIM DA REPÚBLICA DA ESPADA
A República da Espada foi um período crucial e tumultuado na história do Brasil, marcado por profundas mudanças políticas e institucionais. O domínio militar foi essencial para a consolidação do novo regime republicano, mas também trouxe desafios significativos, como crises econômicas e políticas, medidas autoritárias e a necessidade de estabilizar um país em transição. Apesar das dificuldades, este período lançou as bases para o desenvolvimento de uma república federalista e presidencialista que moldaria o futuro do Brasil.
A República da Espada, também conhecida como Primeira República, foi um período inicial da República Brasileira caracterizado pelo governo dos militares, especialmente sob os presidentes Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Este período foi marcado por medidas autoritárias e pela repressão de diversas revoltas e movimentos de insubordinação.
Causas do Fim da República da Espada
- Repressão Violenta: A repressão violenta do governo de Floriano Peixoto a várias revoltas, como a Revolta da Armada e a Revolução Federalista, gerou descontentamento e resistência entre diferentes setores da sociedade.
- Crise Política e Econômica: A Primeira República enfrentou crises políticas e econômicas, com disputas entre os militares e os civis, além de dificuldades financeiras que enfraqueceram a estabilidade do governo.
- Pressão por Mudanças: Havia uma crescente pressão por mudanças políticas e pela convocação de eleições livres, o que levou a um clima de instabilidade e descontentamento com o governo militarista.
Transição para a República Velha
Eleição de Prudente de Morais: Em 1894, Prudente de Morais foi eleito presidente, marcando o fim da República da Espada e o início da República Velha. Prudente de Morais representava uma nova fase política, mais civil e menos militarista.
Promulgação da Constituição de 1891: A Constituição de 1891, promulgada durante a República da Espada, estabeleceu um regime republicano presidencialista e federalista, que continuou a ser a base do governo durante a República Velha.
Consolidação do Poder Civil: A transição para a República Velha também envolveu a consolidação do poder civil e a redução da influência militar na política brasileira, embora os militares ainda mantivessem um papel significativo.
O fim da República da Espada e a transição para a República Velha representaram uma mudança significativa na política brasileira, com a substituição do governo militarista por um regime mais civil e democrático. Essa transição foi marcada por desafios e conflitos, mas também abriu caminho para a consolidação da República e a busca por um governo mais estável e representativo.
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