FARINHA POUCA, MEU PIRÃO PRIMEIRO?

Sex, 07 de Outubro de 2011 00:51
Imprimir

por André Oliveira  

Aluno do Seminário Teológico Betel / Advogado

 

Bom queridos, estes dias cheguei a uma conclusão óbvia, latente, e pulsante que saltava diante dos meus olhos e eu, contudo, não conseguia enxergar: sou uma pessoa extremamente egoísta. E curiosamente isso me espantou. Acho que um egoísta raramente percebe que é egoísta, e quando percebe acaba se sentindo surpreso.

O título da coluna remete a uma frase que minha mãe sempre dizia, frase essa que eu não entendia o significado, pois nunca tinha comido um pirão e tão pouco sabia que o mesmo era feito com farinha. Para mim, o pirão era no máximo um “pires grande” (hehe ok, eu sei que foi péssima...:/), mas quando soube o que era e o significado da frase acabei por interiorizá-la e achar que deveria viver segundo esse princípio.

Sendo assim, continuemos o raciocínio, estes últimos dias tive alguns planos, ou alguns programas que foram frustrados, não por minha vontade, mas pelas circunstâncias e coisas alheias ao que eu queria. Nada de anormal, o problema foi que eu acabei descontando a frustração pelo que não deu certo em pessoas que não tinham absolutamente nada a ver, e mais do que isso, que sempre me ajudaram nos momentos que mais precisei.

O evangelho tem uma característica que simplesmente acho extraordinária, que é sua paradoxalidade (se é que tal palavra existe), o paradoxo do evangelho me deixa abismado, transcende minha compreensão: “se quer viver, morra”, “quer morrer, viva”, “te odeiam, ame”, “te perseguem, bem aventurado” e por aí vai... E diante de uma sociedade completamente egocêntrica, torna-se difícil compreender e aceitar o que o Apóstolo Paulo nos ensina em Fl.2:3-4: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.”

Diante de tal contexto social e do texto de Filipenses, talvez não esteja só na minha cruzada egoísta, em minha débil compreensão bíblica, acredito que quando Jesus nos diz pra “amarmos o próximo como a nós mesmos”, de certa forma devemos fazer às pessoas o que gostaríamos que fizessem conosco e não fazer o que não gostaríamos que fizessem. E isso às vezes engloba sofrer um prejuízo em benefício de outrem, se este benefício for de mais valia pra pessoa do que o dano prejudicial a você.

Invariavelmente nos colocamos em primeiro lugar (e nem entro no mérito de tomarmos o lugar de Deus, porque isso é tema pra outra coluna), mas digo que não colocamos os outros acima de nós, muito pelo contrário, às vezes queremos pisar neles e, como líder (ou postulante a ser), tenho de me lembrar que fui criado para os meus liderados, eu existo por causa deles. Também fui criado para os não crentes, por isso preciso testemunhar e evangelizar a eles, assim como para os meus irmãos em Cristo, aos quais devo abençoar e servir.

Talvez por isso o Apóstolo Paulo sempre se descrevia como servo ou escravo em suas cartas, como um lembrete a ele, de sua verdadeira vocação, e a nós, de que se o maior missionário, um dos maiores filósofos e, sem dúvida, o homem mais importante pra Igreja após Jesus Cristo sabia que sua vida deveria servir aos outros, porque nós achamos que somos senhores de alguma coisa?!

Tiremos, pois, queridos, a tampa do Egoísmo.