Coluna de Fogo

... e de noite numa coluna de fogo para os iluminar...

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Gênesis – Capítulo 4

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  1. E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do Senhor um homem.
  2. E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
  3. E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.
  4. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.
  5. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
  6. E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?
  7. Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.
  8. E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou.
  9. E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?
  10. E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.
  11. E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.
  12. Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
  13. Então disse Caim ao SENHOR: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.
  14. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar, me matará.
  15. O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o SENHOR um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.
  16. E saiu Caim de diante da face do SENHOR, e habitou na terra de Node, do lado oriental do Éden.
  17. E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque;
  18. E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael e Metusael gerou a Lameque.
  19. E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá.
  20. E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado.
  21. E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão.
  22. E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema.
  23. E disse Lameque a suas mulheres Ada e Zilá: Ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar.
  24. Porque sete vezes Caim será castigado; mas Lameque setenta vezes sete.
  25. E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela deu à luz um filho, e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou.
  26. E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do SENHOR.

 

A melhor oferta

No capítulo 4 de Gênesis Adão e Eva têm filhos. Estes filhos são diferentes e podemos ver a preferência de Deus. Não uma preferência de pessoas, porque, cremos, o amor de Deus pelos homens é o mesmo. Mas uma preferência no que o homem oferece a Ele.

Caim trouxe “uma” oferta, ao passo que Abel trouxe “a” oferta. Costumamos ver e ouvir esta diferenciação de artigos no nosso dia a dia quando comparamos uma coisa dentre tantas outras com aquela coisa que se destaca entre outras coisas. Em termos diretos, Caim ofereceu uma oferta dentre tantos outros frutos da terra, de igual valor. Já Abel, preferiu levar a Deus o que primeiro lhe saíra. Lendo superficialmente o texto, nos parece que ambos fizeram a mesma coisa, mas há um grande abismo de diferença entre tais ofertas, sobretudo no que tange a fé e confiança no criador. Quando tenho muitas coisas e dou uma destas coisas, tenho a garantia de posse de todas as outras coisas que me restarão. Por outro lado, quando entrego algo das minhas primícias, que garantia tenho eu de que terei meus outros algos? Este último é um passo de fé. Não há dúvida de que se trata de uma oferta melhor. Aprendemos com Abel que a melhor oferta é aquela retirada da primeira parte do que temos. Daí, podemos estender o conceito para muitas outras áreas: se tenho que dar para Deus parte do meu tempo, para orar e ler a Bíblia, por exemplo, que eu o faça nos primeiros momentos do meu dia, quando ainda não tenho garantia alguma do que se sucederá no restante do meu tempo. Injusto seria eu aproveitar todo o meu tempo, fazendo de tudo um pouco e, dentre as tantas horas do meu dia, oferecer para Deus aquilo que me sobra, orando e lendo a Palavra no fim do dia, já no esgotamento físico e mental da noite, quando já tive garantida a contagem das minhas horas.

É claro que na nossa limitação humana, talvez jamais saibamos exatamente a racionalidade divina na preterição da oferta de Caim. Porém, numa percepção mais sensível dos fatos, como o anteriormente exposto, nos clareia a ideia rumo ao conhecimento do coração de Deus e da mente divina.


Caim se entristece

Caim entristeceu-se com a preterição de sua oferta. Indiretamente podemos dizer que ele ficou triste com a justiça. Não é diferente do que acontece nos nossos dias: o que é justo acontece, principalmente em se tratando da justiça de Deus, e nos decepcionamos com os resultados desta justiça. Isto prova o quanto somos injustos, principalmente no desconhecimento acerca da justiça. Somos ignorantes. Deveríamos nos alegrar com a justiça.

Deus ainda foi extremamente solícito com Caim perguntando-lhe por que ele estaria irado. Provavelmente Deus fizera esta pergunta porque, na realidade, não havia motivo para Caim estar assim. A justiça de Deus havia sito feita, porque Ele é um Deus justo e, na Sua justiça recebeu a oferta correta e rejeitou a oferta errada. Caim estava triste com isso, com a atitude correta de Deus, sem talvez, na sua ignorância, entender exatamente a razão da sua raiva.

Já conhecendo a resposta à Sua própria pergunta, de forma veemente, Deus ainda dá uma lição a Caim sobre o como proceder. Caim recebe orientação para dominar o desejo, diante dos maus procedimentos, para que o pecado não entre na sua vida.


O primeiro homicídio

Quem não aceitou a oferta de Caim foi Deus, e não Abel. Como Caim não poderia fazer nada contra Deus, mata seu irmão, num gesto de covardia. Trazendo para os nossos dias, verificamos atitudes semelhantes. Não se pode operar contra alguém por insatisfação com outro alguém. Vez por outra vemos noticiários de pessoas matando ou agredindo filhos de seus desafetos. Isto é covardia, e, redundantemente falando, quem a pratica é um covarde. Caim tinha um suposto problema com Deus, e deveria resolvê-lo no seu relacionamento com Ele. Nada tinha Abel a ver com a má oferta de Caim. No fim das contas o prejudicado foi Caim, porque Deus não foi resolver o seu problema com outra pessoa, antes buscou justiça contra o próprio Caim.

Novamente voltando para os tempos hodiernos, se Deus impede ou rejeita, ou nós mesmos impedimos, o nosso trabalho, nosso sentimento não pode ser contra o amigo ou irmão que o faz de forma agradável ao Criador. Devemos resolver o nosso erro diretamente com o Senhor, que nos rejeitou ou impediu por alguma razão. Devemos reconhecer nossa insignificância diante da sabedoria de Deus e buscar melhorar ou acertar onde for necessário.

O interessante nesta passagem é perceber que Caim fora orientado do seu mau procedimento antes mesmo de cometer o crime. Ele não errou e só depois ficou sabendo do erro. Deus já o havia prevenido a respeito dos seus sentimentos. Deus já tem nos orientado diversas vezes através da sua Palavra, ou usando os meios que lhe forem convenientes, antes mesmo que cometamos os erros. Mas ainda assim erramos e colhemos os frutos dos nossos pecados contra Ele.

O impressionante é ver a misericórdia de Deus: após o assassinato de um filho, alguém que lhe agradava, Ele, com toda sua compaixão, pergunta onde estaria Abel. Deus sabia onde estava Abel, sabia que ele estava morto e podia fulminar Caim pelo seu pecado. Mas preferiu buscar um relacionamento. Era uma oportunidade de arrependimento para Caim e sua futura redenção. Mas ele, de forma extremamente grosseira, “dá um fora” em Deus. Quantas vezes vemos Deus se aproximar de alguém através dos trabalhos evangelísticos das igrejas, de conversas informais com crentes, ou até diretamente em sonhos ou sensações inexplicáveis? Mas ainda assim aquele alguém simplesmente rejeita, como se o Deus Todo-poderoso, Criador dos céus e da terra, fosse algo ruim. Quanta ignorância! As consequências deste distanciamento deve ser acolhida sem reclamação, porque avisos, conselhos e oportunidades não faltaram.


A mulher de Caim

Uma inquietante questão é: de onde viera a mulher de Caim? Uma resposta plausível e natural é: da descendência de Adão e Eva. Deve-se levar em consideração que não é porque não estão registrados todos os filhos do primeiro casal que eles não tiveram outros filhos e netos. Este entendimento faz mais sentido que criar toda uma teoria sobre Deus ter supostamente criado uma outra descendência a partir de um outro casal. Agora, qual o grau de parentesco entre Caim e sua esposa? Não sabemos, e também não é importante, porque se o fosse, certamente Deus deixaria registrado nas escrituras para que soubéssemos.


A Bigamia

Neste capítulo vemos seguir a descendência de Caim até que vem Lameque, que toma para si duas mulheres. Alguns podem pegar textos isolados como esse e tentar justificar a multiplicidade de mulheres em suas vidas. Quanto a isso, teçamos algumas considerações: Primeiro, o fato de um procedimento estar registrado da Bíblia não significa que este procedimento seja correto; Segundo, confirmando o primeiro, não está escrito que foi uma atitude correta; Terceiro, é notável que este fato tenha sido salientado, trazendo um possível entendimento de que não seria algo normal ou corriqueiro; E quarto, para um prévio remate, na própria Palavra de Deus, em textos posteriores, será lido claramente a reprovação de Deus quanto ao casamento com duas ou mais mulheres.


O início da invocação

Ao final do capítulo Eva dá à luz a Sete, um filho homem que ela entende ser um sucessor de Abel (isto também recomenda a ideia de que a mulher de Caim seria uma filha de Adão e Eva, porquanto eles teriam concebido sucessivas mulheres até a chegada de Sete). Após Sete, nasceu Enos e a invocação a Deus teve início. Isto nos faz entender que antes haveria apenas um tipo de relacionamento passivo com Deus no sentido de receber sua vontade e atender ao seu chamado e agradá-lo, com ofertas. Mas no tempo de Enos as pessoas passaram a buscar a Deus, e passaram a também ser agentes ativos neste relacionamento, passaram a ter iniciativa na comunicação com o Criador.


Conclusão

Presente e oferta são sinônimos, de acordo com dicionários (Presente: aquilo que se oferta com intento de agradar). O que Caim e Abel ofertavam eram presentes na tentativa de agradar a Deus. O nosso entendimento sobre oferta (ou presente) é que o que está sendo dado faz parte do próprio ofertante. Ou seja, se eu dou um presente para a minha filha, dou parte de mim a ela, visto que trabalhei para obter aquele recurso que utilizei na compra daquele presente. Estou entregando a ela parte da minha vida, parte do meu esforço, parte do meu tempo, parte de mim mesmo. Em outras palavras: eu trabalhei diretamente para a pessoa presenteada. Neste entendimento, presente é um tipo de servidão, eu gastei tempo da minha vida para agradar a outra pessoa. No relacionamento com Deus vale, cremos, o mesmo princípio. Se dou algo para Ele estou dando parte de mim mesmo. Mas o quanto de mim tenho ofertado para Deus? Seria uma parte significativa do meu tempo, ou tenho oferecido daquilo que me sobra? O que ofereço para Ele em termos materiais tem sido um gesto de fé ou tenho aplicado na obra aquilo que tenho aos montes. Vez por outra vale a pena fazer umas continhas para avaliar o quanto injustos temos sido com o Deus criador e bondoso que nos tem dado, nada mais nada menos, que a vida e tem agido misericordiosamente diante dos nossos erros e desvios.

 

Glauco Machado

 

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Centelha Diária

Juízes 4.4

"Ora, Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo."

Aos machistas de plantão, este capítulo mostra a força da mulher. Aos que pensam que Deus não dá espaço ao sexo feminino, aqui Débora é profetiza e juíza. Na primeira função, ela é "boca de Deus" e denuncia do pecado. Já na segunda, arbitrava em disputas e liderava o povo em batalha. Algo notável e digno de reflexão é ver Baraque abrir mão de sua honra (8 e 9) para que Débora o acompanhasse na guerra e fosse reconhecida como a verdadeira heroína. Por fim, uma outra mulher, Jael, dá cabo do líder dos inimigos (21). Enfim, mulheres resolvendo tudo, mulheres usadas por Deus, mulheres dignas no nosso respeito e admiração.

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